#MomentsTT
Vozes
que ecoam há noventa dias
Veja a carta de Mônica:
Homenagem de Mônica para sua companheira Marielle Franco, evidencia um crime sem respostas
Por: iFox/Micael Machado (micaelaraujomachado@gmail.com)
Ontem (12), foi comemorado o dia dos
namorados em todo o país. Véspera do dia em que completará noventa dias que Marielle Franco foi brutalmente assassinada (clique aqui
para ler mais). Uma voz importante e potente na luta e
na defesa pelos direitos humanos, pelos direitos da mulher, da população jovem
e negra, das pessoas LGBTQ+.
Para Mônica
Benício, arquiteta e viúva de Marielle,
a data foi lembrada com nostalgia e reafirmou a persistência da luta por respostas. A homenagem feita por Mônica foi além de uma homenagem,
rompeu o silêncio e se juntou a inúmeras outras vozes que exigem uma investigação
imparcial e justa.
Diante disso, sabe-se que o Ministério
Público precisa garantir que o Grupo
de Atuação Especializada em Segurança Pública (GAESP) e o Grupo de Atuação
Expecial no Combate ao Crime Organizado (GAECO) participe e monitore a atuação da Polícia Civil na investigação. Para isso, basta assinar a petição (clique aqui) que já
conta com mais de 30 mil vozes que pedem justiça. É importante afirmar que ao assinar, todos poderão pressionar as autoridades responsáveis pelo caso que
perdura sem desfechos.
Veja a carta de Mônica:
‘Nenhum passo atrás no direito de amar’
“As rosas da resistência nascem do asfalto. A gente recebe rosas, mas
estaremos de punho cerrado, falando do nosso lugar de existência contra os
mandos e desmandos que afetam nossas vidas”. Assim minha companheira Marielle
Franco se pronunciou em plenário na Câmara Municipal no dia
8 de março. A data de luta das mulheres também imprime nossa resistência a
todas as formas de opressão.
E foi assim, com luta e resistência, que Marielle enfrentou
dias muito difíceis no exercício do seu mandato como vereadora, pois ser mulher
negra, lésbica, feminista, favelada e de esquerda em um parlamento repleto de
homens brancos e ricos, símbolos do atraso político deste país, foi por todo
tempo um ato de persistência. Um dos dias mais dolorosos foi o da tentativa de
aprovação do Projeto de Lei da Visibilidade Lésbica, rejeitado por apenas dois
votos.
Este era um debate que tocava pessoalmente Marielle: o veto
ao projeto era uma expressão clara da negação de sua vida pessoal, da negação
do nosso amor. A “fortaleza” com que se apresentava no plenário não era a mesma
de quando estamos juntas. Profundamente abalada, foi ao banheiro me ligar e
chorou. Como sempre fazíamos, nos tranquilizamos e nos fortalecemos. Mesmo
triste, ela voltou ao plenário com força para se posicionar.
Lembrar isso neste dia dos namorados significa reafirmar nosso amor e
nossa luta. Hoje, 90 dias após minha mulher ter sido executada num crime
político, no centro de uma das principais capitais do mundo, continuaremos
exigindo resposta, mas não uma resposta qualquer. E reafirmamos todos os dias
que não daremos nenhum passo atrás pelo direito de amar.
No país que mais mata sua população LGBT+ e que nega direitos às
chamadas minorias políticas, Marielle e nossa história de amor
representam força inspiradora para a luta, mas também, e, principalmente, para
o livre exercício do afeto e dos sentimentos. Seguiremos a todo tempo
reafirmando que existimos, que nossas vidas importam. E, assim, por ela, por
nós, continuaremos lutando para que nada nos sujeite, e que o que nos defina
seja sempre o amor.
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