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Por: iFox Yellow/Giorgia Ossanes (ifoxyellow@gmail.com)

Qual a primeira coisa que surge em sua mente quando você escuta “dança do ventre”? Embora as danças árabes existam há séculos, poucas pessoas as conhecem, na maioria das vezes o conhecimento não passa de referências obtidas na televisão e na internet.

A origem da Dança do Oriente (tradução do nome árabe original) não é clara, existem diversas teorias sobre o assunto e sobre onde exatamente ela nasceu.  ÍndiaAntigo Egito e o Império Otomano podem ser o berço das raízes da dança, mas até hoje não sabemos com certeza a resposta correta.

Tipicamente, a dança do ventre possui caráter religioso e familiar, entretanto, nos dias de hoje, ela é muito praticada de forma artística e profissional por bailarinas e bailarinos ao redor do globo. O ocidente abraçou e incorporou a dança em sua cultura com rapidez, para entender mais sobre esta arte e o papel dela na vida de quem pratica, conversamos com alguns profissionais brasileiros.

Jade Keiber, praticante da dança do ventre  (Foto: Débora Letícia; Edição: Alex Silva)

Kristian Galvão é praticante de dança do ventre há 21 anos e é um grande defensor da arte, não apenas na cidade de Canoas (RS), onde vive, mas no Brasil todo. Ele diz que ver como a dança modifica e ajuda a vida de tantas pessoas é uma de suas motivações para continuar seu trabalho como professor, assim como “ver a felicidade dos alunos, desde aqueles que aprendem o primeiro passo, até aqueles que ganham concursos por aí”.

Rafael Rocha de Ouro Preto (MG), conta que seu amor é o que o motiva a continuar dançando. Bailarino há cinco anos, ele diz que com a dança pode expressar todos os seus sentimentos, “a dança me move”, conclui Rafael.

Hannyah acredita que o ponto mais difícil é se manter atualizada na dança e, ao mesmo tempo, manter seu estilo próprio. Bailaria a 15 anos, ela é reconhecida não apenas em Porto Alegre (RS), onde mora e leciona dança, mas também no resto do Brasil e em vários outros países. Elaine Keite, que é bailarina desde 2001 e é professora de dança em São Paulo, tem um pensamento similar, diz que a parte mais difícil é não perder a real essência e o que se buscava quando começou a praticar a dança. 


Julia Alves, praticante da dança do ventre (Foto: Débora Letícia; Edição: Alex Silva)
“Como professor pude ver que a maior dificuldade das pessoas ao entrarem no universo da dança é a capacidade de concentração, desligar o cérebro do meio externo, deixar o corpo conduzir e, assim, entender seu próprio corpo e adquirir consciência corporal”, diz Kristian.

A dança do ventre é extremamente rica em folclores árabes, sendo que cada dança folclórica possui suas particularidades, como figurino, passos típicos, expressão corporal e ritmo musical. Rafael destaca o Shaabi (dança cotidiana dos centros urbanos árabes) e o Dabke (“bater os pés no chão”, em português, é comumente vista em festas).

O bailarino conta que acha interessante no Shaabi a movimentação forte e os passos modernos que representam uma dança popular entre o povo, além de considerar o ritmo agradável tanto para dançar quanto para apenas ouvir. Sobre o Dabke, ele gosta da força e energia típica da dança.

Jade Keiber e Julia Alves (Foto: Débora Letícia; Edição: Alex Silva)
“E, sem duvidas, a união entre quem está dançando. Nessa dança muitas vezes você precisa do outro para seguir em frente!”, conclui o mineiro. Hannyah gosta da alegria que é passada pelas danças folclóricas e “do quanto refletem o povo do local de sua origem”.

Kristian acredita que expor a dança do ventre para o público de fora desse meio é totalmente importante, “além de agregar cada vez mais praticantes à nossa arte, mostra o quanto ela é rica e complexa, o quanto envolve muito estudo, dedicação, prática e aprimoramento e não é simplesmente ‘balançar o quadril’”.

 Além disso ele considera o ato relevante, pois é uma forma de mostrar ao público o quanto a dança movimenta o cenário financeiro já que gera oportunidades de trabalho em diversos setores, como escolas, revistas, ateliês, etc. Mas expor a dança para pessoas que têm conhecimento raso sobre pode ser complicado graças a ideias mal fundamentadas e “achismos”.

(Foto: Débora Letícia; Edição: Alex Silva/iFox)

“Já ouvi tantas coisas sobre o que pensam e o que sabem da dança do ventre, quando tentei falar o que era verídico ou não, fui obrigada a ouvir coisas ainda piores.”, diz Elaine.

O homem no cenário da dança também passa por provações diárias, como deixa claro Rafael“Ainda existe muito preconceito em relação ao homem na dança do ventre, é uma coisa que ‘choca’ ao ver de muita gente, mas estamos cada vez mais ganhando espaço no mercado.”

O bailarino também identificou os padrões como algo negativo e limitador dentro do universo da dança, “cada um tem uma essência, uma maneira de dançar, de se vestir e de estar em cena e isso tem que ser respeitado. Claro, sem perder a essência e a tradição que existe nessa dança de milhares de anos, mas acho que a maior questão é a falta de respeito em relação à dança do outro”. 

A Dança do Ventre

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