#InFocus
A dramaturgia em suas cenas revelam a realidade de inúmeras
mulheres
Segundo
dados da ONU, sete de a cada dez mulheres no mundo já foram ou serão
violentadas em algum momento da vida
Por: iFox/Micael Machado (micaelaraujomachado@gmail.com)
Por: iFox/Micael Machado (micaelaraujomachado@gmail.com)
A novela “O
Outro Lado do Paraíso” produzida pela TV
Globo tem chamado a atenção por conta das cenas de agressão em que a
protagonista Clara, interpretada pela atriz Bianca Bin tem sofrido no âmbito doméstico.O desconforto do público
perante à ficção é colocado em evidência, uma vez que na ficção é encenada a
realidade de inúmeras mulheres.
Mil palavras nesse olhar... #OOutroLadoDoParaíso pic.twitter.com/Wu70noE3sp— Globo (@RedeGlobo) 9 de novembro de 2017
“Sofria
diariamente abusos do meu ex-marido por achar que não conseguiria criar meus
filhos e aguentei calada até o dia em que meu filho mais novo disse que não
aguentava mais”, disse a entrevistada de 42 anos que optou por não se
identificar. O depoimento, no entanto, se assemelha ao de inúmeras outras
mulheres.
Sob diversos
prismas e intensidades, a violência contra as mulheres é recorrente e não é
somente uma realidade do Brasil. Tal violência constitui uma das mais graves
violações de direitos humanos e crimes hediondos estruturante da desigualdade
de gênero.
O feminicídio,
designa toda a violência contra a mulher que leva ou pode levar à morte e inclui
desde assédio verbal e outras formas de abuso emocional, até abuso físico ou
sexual. Na maioria das vezes, a violência acontece em âmbito privado, praticada
por pessoas próximas à sua convivência como esposas/maridos ou companheiras/os.
A principal
motivação dos crimes é o machismo, perpetrado ao longo dos anos e que persiste
em pleno século 21. Construídas historicamente, o machismo apresenta pequenas
variações ao ser transmitido nos campos sociais, políticos, cultural e econômico.
A série “Las
Chicas del Cable”, produzida pela plataforma de streaming Netflix também conduz o público à tomada de consciência em cenas da
personagem de Maggie Civantos,
Ángeles – destaque para a o episódio seis que após ser espancada pelo marido,
perde seu bebê. A violência contra as mulheres é uma construção social, consequência
da desigualdade de força entre homens e mulheres e é criada e posteriormente
reproduzida pela sociedade.
“Toda a vez que
eu recuava por medo, diziam que eu gostava de apanhar”, comentou a vítima que
pediu para não ser identificada quando perguntada se tinha apoio das demais
pessoas do seu convívio social. A falta de compreensão da sociedade perante às
desigualdades e as relações de poder edificadas aos papéis associados ao gênero
feminino e masculino colaboram não só para que a violência ocorra, mas também
se perpetue gerando ainda mais intolerância.
A Convenção de Belém do Pará do ano de
1994 define como violência contra as mulheres como “qualquer ação ou conduta,
baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou
psicológico à mulher, tanto no âmbito público como no privado”, impactando
também no desenvolvimento social e econômico do país.
“Quando me
separei senti muito alívio, comecei a arrumar minha casa, adquirir bens pois
ele, gastava todo o nosso dinheiro com a bebida”, relembrou a entrevistada que
pediu para não ser identificada. Exterminar todas as formas de violência contra
meninas e mulheres seja nas esferas privadas como públicas é uma das metas do
Objetivo de Desenvolvimento Sustentável – ODS 5 (clique aqui para ler).
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Pesquisa: Anuário Brasileiro de Seguranças Públicas e Instituto Avon com Data Popular |
No ano 2006 o
governo brasileiro, o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os
Direitos Humanos – ACNUDH – e a ONU Mulheres publicaram as Diretrizes Nacionais
para Investigar, Processar e Julgar com Perspectiva de Gênero as Mortes
Violentas de Mulheres – Feminicídios (clique aqui
para ler).
Um dos instrumentos
mais importantes para o enfrentamento da violência é a Lei Maria da Penha – Lei
número 11.340/2006. A lei que faz referência a Maria da Penha Maia Fernandes (clique aqui para ler) tipifica as
formas de violências contra as mulheres além de prever a criação de serviços
especializados como os que compõe a Rede de Enfrentamento à Violência contra a
Mulher.
“Depois de anos
me libertei e com o tempo aprendi que eu tenho força sim”, disse a entrevista
que completou sua resposta dizendo “começar a me amar foi o mais difícil com certeza
mas aprendi e personagens como o da atriz da TV Globo chocam pois é a imitação da vida de muitas outras”. Assegurar
o protagonismo das mulheres por meio de políticas públicas de educação, é uma
das vias para avançar na desconstrução de uma cultura de discriminação da
mulher, perpetrada na sociedade.
A rede de
atendimento, de atenção e proteção às mulheres é o primeiro passo para romper
um ciclo de violência, porque fornece apoio multidisciplinar, psicológico e
também financeiro. As delegacias especializas, centros de referência, casas de
abrigo e outras instituições de apoio, ajudam as mulheres a não sofrerem caladas.
Em caso de violência
contra à mulher, não hesite, disque 180 ou procure A Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher – DEAM – em sua região. A delegacia
situada na cidade de Pelotas, fica na rua Barros Casal, número 516, no Bairro
Areal. O telefone para contato é (53) 3310-8150 e o e-mail é pelotas-dm@pc.rs.gov.br ou ainda pelo
Facebook (clique aqui
para acessar).
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