#Satolep
A cultura drag queen como forma de libertação,
além de qualquer estereótipo
Por: iFox/Micael Machado (micaelaraujomachado@gmail.com)
Fotografia: Débora Letícia e Vinicius Vaniel
Fotografia: Débora Letícia e Vinicius Vaniel
Com maquiagens, roupas e acessórios que socialmente foram propagados como
femininos, são elas, por outro lado, sem tudo isso, eles. As drag queens, além
da exacerbação do lado feminino de homens, de se montar e performar, podem
empoderar, iniciar diálogos sobre orientação sexual, identidade de gênero e,
antes de mais nada, aceitação e libertação.
Situada no estado do Rio Grande
do Sul, Pelotas é uma cidade
que, na era da diversidade, se tornou umpolo universitário, onde cada parte do Brasil – e até do mundo – se encontra e
se mistura por entre suas ruas. Diante de tantas diferenças culturais, a
multiculturalidade está em evidência. A história da cidade, apelidada
carinhosamente de “Cidade do Doce”, é escrita junto à história de pessoas como Bruno Carvalho, Erix Barros, Gengiscan
Pereira, Jackson Paes, Lear Neves e Luan Cury. Pessoas que caminham lado a lado com a sua persona,
elas, Ostara London, Izzy Ross, Abigail Foster, Ravenna, Lorena Drag e Sophi Albuquerque, respectivamente.
Entender as principais questões que envolvem o
ser LGBT+ e as questões de sexualidade e gênero é desafiador, ainda mais em um
mundo que ainda não deixou de ser preconceituoso. A cultura drag queen, desde a
sua criação, têm garantido o seu espaço com mais vertentes e, é claro,
aumentando a sua diversidade.
É possível verificar que atualmente as drag queens são tão populares que
beiram o “mainstream” e estão por toda a parte, antes mesmo de RuPaul’s Drag Race ou Pabllo Vittar estarem em foco. Aliás,
há quem diga que a arte de “cross-dressing” tem a sua origem em 1800, surgida
para designar os homossexuais de forma depreciativa.
Ainda sobre a origem de ser drag queen, na história - mais
especificamente na Grécia antiga -
existem vestígios de homens se vestindo de mulher com o propósito teatral.
Logo, o termo, ganhou um significado mais específico, contudo, ainda chocando a
sociedade, mesmo com a intenção cultural.
Já nesse século, se desvencilhando do original, ao qual ser drag queen
era quase que sinônimo de comedy queens – rainhas da comédia –, pode-se
perceber que a arte drag vai além de manifestações artísticas e põe em foco
discussões sociais, tornando-se também um ato de militância ou como as seis
drag queens entrevistadas pela Revista
Arrive disseram: “ser drag queen,
hoje, é um ato político”.
Ao realizar a leitura do livro O
Segundo Sexo, de Simone de Beauvoir,
é entendido que não se nasce mulher, torna-se uma, “Born Naked” - bordão de RuPaul Andre Charles, apresentador do
reality show RuPaul’s Drag Race
realizado pela World of Wonder -, ou
seja, se nasce humano, mas, o restante da identidade de cada um, é moldado ao
longo da vida por meio do que é tido como performatividades.
O programa estadunidense é responsável por um dos grandes ápices da
cultura drag mundial, na busca para eleger a próxima estrela drag dos Estados Unidos. A atração é responsável
por abrir um espaço midiático, apresentando personas verossímeis que encorajam
todos a abraçar quem são livres de tabus.
Tanto RuPaul’s quanto Pabllo Vittar, Sarah Vika, Márcia Pantera,
Gloria Groove e as drag queens
entrevistadas pela Revista Arrive
são enfáticas ao apresentarem uma série de lições relacionadas a identidade de
gênero, expondo que o feminino é a soma do conjunto de códigos culturais,
desmistificando qualquer verdade sobre identidade sexual. Além disso, é posto
em evidência, através da arte e da paixão pelas suas divas favoritas, a
singularidade e talento de pessoas que antes eram marginalizadas nas ruas e na
mídia em geral.
Conheça nos próximos dias um pouco sobre o que é ser drag queen no século 21 a partir da história de seis drag queens que
moram na cidade de Pelotas e buscam
diariamente o seu espaço na sociedade, expandido a representatividade da
cultura drag, apesar do preconceito que ainda perdura. Além da entrevista,
confira o ensaio que usa pontos turísticos da cidade, para unir as vozes da
identidade de cada um com as de suas personas bradando: ¡Viva La Desconstruccíon!
(Foto: Vinícius Vaniel/ Arrive e iFox365) |
Veja mais em: https://goo.gl/xXJccz
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