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Elza Soares: A Mulher do Fim do Mundo
Por iFox/Micael Machado (micaelaraujomachado@gmail.com)
Aliás, sua história é digna de enredo da dramaturgia, aos 12 anos estava casada e aos 13 anos, já era mãe e em uma de suas inúmeras entrevistas, alegou que às vezes tinha que espantar os urubus para pegar o resto de comida que estava no lixo. Com meros 21 anos havia velado seus dois filhos e era viúva, herdando o sobrenome Soares. A jovem Elza carregou suas dores assim como carregava as caixas d'água na cabeça e foi de tudo nessa vida, inclusive, doméstica.
iFox no mês de março foi até a cidade maravilhosa para conhecer a carioca da gema, Elza Soares e descobriu uma sobrevivente. Uma cantora que sofreu e reverteu toda a sua dor em canções. Desde muito antes de o lançamento de Se Acaso Você Chegasse, em sua voz, no ano de 1960 encarou de frente a pobreza, a fome, os olhares tortos, o ódio em massa além do preconceito, a ditadura, a violência e a morte de quatro filhos dos seus sete filhos.
Por iFox/Micael Machado (micaelaraujomachado@gmail.com)
“Ela é da gema, da clara e da casca de ovo”. No subúrbio da Zona Sul do Rio de Janeiro, no ano de 1937, nascia a cantora e compositora Elza da Conceição. Dona de uma voz potente fez o mundo ser o seu palco e se consagrou como uma das 100 maiores vozes brasileiras, pela Rolling Stone Brasil.
Cantava desde criança mas, o começo de sua carreira veio quando seus dois filhos foram diagnosticados com pneumonia e não tinha dinheiro para os antibióticos. O desespero tomou conta da jovem e isso fez com que se inscrevesse escondida de sua família no programa de calouros de Ary Barroso na Rádio Tupi.
No programa da rádio, diante de uma platéia, estava trajando uma roupa muito larga que colocava em evidência os muitos alfinetes onde sobrava pano. Diante do visual peculiar, Ary Barroso perguntou de que planeta a cantora era e a resposta cortou os risos da plateia ao dizer: “do planeta fome”. Com o prêmio em mãos, comprou os medicamentos porém, um dos filhos não resistiu.
“Degustei lágrimas como quem degusta vinho. Sei o gosto que elas têm”, disse Elza Soares.
Aliás, sua história é digna de enredo da dramaturgia, aos 12 anos estava casada e aos 13 anos, já era mãe e em uma de suas inúmeras entrevistas, alegou que às vezes tinha que espantar os urubus para pegar o resto de comida que estava no lixo. Com meros 21 anos havia velado seus dois filhos e era viúva, herdando o sobrenome Soares. A jovem Elza carregou suas dores assim como carregava as caixas d'água na cabeça e foi de tudo nessa vida, inclusive, doméstica.
Quem conhece um pouco da história da protagonista do álbum intitulado “A Mulher do Fim do Mundo”, de 2015 sabe que suas frases não são de efeito. Elza em sua voz transmite as dores e com a sua dor, veio um novo jeito único de cantar.
Devota de São Jorge, com seu medalhão grande e dourado no peito, mostra a sua fé e mais, fala de suas guerras. Elza Soares ainda foi casada com o jogador de futebol Mané Garrincha, o romance virou alvo da imprensa da época que acusava a cantora de acabar com o casamento do jogador. Em 1963, causou lançando a música “Eu Sou A Outra”, um afronte para a sociedade conservadora da época.
Elza viveu tempos áureos na época em que foi casada com Garrincha, no entanto, nem tudo foram flores, e a derrocada do jogador para o alcoolismo, trouxe consequências: a violência doméstica. Em um de seus relatos, a cantora relembra a situação em que seu ex-parceiro a bateu com tanta força que a fez quebrar seus dentes.
“Eu não tenho raiva e nem mágoa de ninguém. Como eu posso ter mágoa com este poder todo que Deus me deu de cantar?”, afirma Elza Soares.
Engana-se quem pensa que a carioca da gema iria se abalar, se reergueu e o exorcizar dessa dor veio em forma de música. Maria da Vila Matilde se tornou hino denunciando a violência contra as mulheres. Em um dado trecho da música, vocifera: “cê vai se arrepender de levantar a mão pra mim”. A música está presente no seu último álbum, o qual levanta bandeiras contra o racismo, a violência doméstica e a homofobia que segundo Elza Soares, “foca em todo o empoderamento que agora as mulheres estão tendo”.
iFox no mês de março foi até a cidade maravilhosa para conhecer a carioca da gema, Elza Soares e descobriu uma sobrevivente. Uma cantora que sofreu e reverteu toda a sua dor em canções. Desde muito antes de o lançamento de Se Acaso Você Chegasse, em sua voz, no ano de 1960 encarou de frente a pobreza, a fome, os olhares tortos, o ódio em massa além do preconceito, a ditadura, a violência e a morte de quatro filhos dos seus sete filhos.
Hoje em dia, no auge dos seus 80 anos, Elza afirma que seguirá cantando. Como ela mesma diz na canção A Mulher do Fim do Mundo: Eu quero cantar até o fim. Me deixem cantar até o fim. Isso é visto no palco, sentada e com o fôlego que às vezes lhe falta, sem a impede de transmitir tanto sentimento por meio de sua voz forte e rouca.
E+
Ainda no ano de 2018, sua história virará biografia e mais, um filme que está em planejamento com a atriz Taís Araújo interpretando Elza Soares. Preparem os lencinhos!
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