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Arte & Militância
Sophi Albuquerque muito além do glamour
Por iFox/Micael Machado (micaelaraujomachado@gmail.com)
Ivete Sangalo certa vez disse que procura entrar no palco concentrada somente na música e, quando alguém grita “poderosa” e outro complementa com “gostosa”, incorpora a maravilhosa. Diante da cantora baiana, uma de suas inspirações junto a Beyonce e sua mãe, Jô Marengo, nasce Sophi Albuquerque. Persona do pelotense Luan Marengo de Macedo Cury, de 21 anos. Começou a sua carreira na 15º Parada da Diversidade de Pelotas, diante de um grande público que tomava conta de uma das principais avenidas da cidade gaúcha, colorindo-a com todas as cores. 

Um momento único em que a comunidade LGBT+ se uniu em uma só voz, evidenciando que não há siglas que contemplem um movimento ou a própria diversidade. Com a ajuda de Mickaella de Oliveira, Leon Goth e Ohana Saraiva nascia uma drag queen que junto a outras drag queens pelotenses, brilham em várias vertentes do entretenimento, entre performances e militância. A arte drag, antes marginalizada, cresce e agora, é consolidada dia após dia.

Na busca pelo nome que se encaixa perfeitamente com a persona construída, muitas questões são elencadas e às vezes, até o nome drag é trocado por não se encaixar com a identidade formulada, como ocorreu com a Lorena Drag. Luan, demorou a chegar no nome Sophi, que é uma variante de Sophia, que significa “a sábia” e ao mesmo tempo possui uma sensualidade que não passa despercebida, com requinte, poder e obviamente, classe.

(Foto: Débora Letícia)
 Em todo o processo criativo desde o momento em que é escolhido o nome, as identidades, civil e drag, ou são totalmente separadas, ou andam juntas. No caso de Luan e Sophi é diferente, segundo ele, um cede ao outro um pouco de sua personalidade, potencializando traços marcantes como o lado comunicativo e o lado cômico. Com um espírito livre, ao compor  seus personagens para suas performances, o estudante diz sempre fechar os olhos e deixar a música fluir, tomando conta do seu corpo pois, se não for desse jeito, não seria ele, nem muito menos a Sophi de batom e salto alto, que se edifica todos os dias como símbolo de resistência contra o preconceito.

O que para tantos ainda é um desafio, para Luan, montado ou não de Sophi, é motivo de luta frente ao machismo e a intolerância, apesar de estar há apenas seis meses performando, sempre esteve presente no movimento LGBT+, dando a cara a tapa para levantar a bandeira da diversidade sexual em busca da liberdade. Quebrando tabus, em relação ao preconceito que a arte drag enfrenta, o pelotense é enfático ao dizer que para ser drag, pode ser mulher ou homem, independente de sexualidade. 

Aliás, reforça que a arte drag queen evoluiu e passou a ser uma arte que destrói a ideia normativa de gênero em si. Criticando os papéis que foram designados tanto a mulheres quanto aos homens, determinados ao nascer, afirmando que a ideia do que é “comportamento adequado”, é ultrapassado. Ou seja, na arte do Luan, há crítica ao feminino e também ao masculino, gritando que roupa não tem gênero. 

(Foto: Débora Letícia)

“Ser drag é autoconhecimento: conhecer dores, olhares, sorrisos, vidas... é se amar!”, Sophi Albuquerque.

Se diante do público, encontra olhares feios e alguns comentários maldosos, no âmbito familiar às vezes também é difícil. A notícia de que Luan se enxergava como drag com o nome de Sophi, causou choque e as discussões foram inúmeras. Os tabus mais comuns estão ligados à falta de separação de gênero e sexualidade que, apesar de estarem desprendidos, causam confusão para muitas pessoas. 

Ser drag não é querer ser mulher, é, segundo o pelotense, uma forma de expressão de arte e, ainda por cima, homenagear a beleza que enxerga em cada mulher seja ela famosa ou anônima. A aceitação veio após o discernimento e o momento mais emocionante veio na 15º Parada da Diversidade de Pelotas, o qual Luan se emocionou e emocionou sua família no palco. O frio na barriga logo perdeu espaço para a emoção, o respeito e a aceitação dos seus familiares. 

Ao final da entrevista, Luan destaca que ainda é novo no meio drag queen e tem muito o que aprender, inclusive com as outras drags entrevistadas. Sempre animado e extrovertido aos risos deixa em evidência que o sorriso é um dos traços mais marcantes de Sophi Albuquerque além de toda a luta dia após dia pelos direitos da comunidade LGBT+.
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