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#iGirlPower

A regra é clara: ame o seu cabelo e permita os seus cachos!
A iGirl Power do mês de março conta suas vivências no processo de transição capilar e sua história se assemelha a de inúmeras outras mulheres
Por iFox/Micael Machado (micaelaraujomachado@gmail.com)
A diversidade é sempre exaltada na maioria dos discursos sobre a beleza feminina brasileira. No entanto, basta apenas dar uma passada de olho em qualquer publicação na Internet ou banca de jornal para ver nas capas, principalmente de revistas, que ainda existe uma construção social sobre o que é ser brasileira por apenas um ponto de vista: mulher magra, branca e de cabelos lisos. Com isso, muitas meninas crescem acreditando que devem seguir esse esteriótipo e vivem a vida em torno dessa busca para se encaixarem e serem aceitas.
“Algumas pessoas diziam que meus cachos eram bonitos, mas, com 13 anos, eu decidi alisar por influência da sociedade. Todo mundo tido como bonito tinha o  cabelo liso. Para uma menina de 13 anos, a representatividade é muito importante”, afirma a estudante de jornalismo, Camila Pergentino (19). 
Na linha de frente da desconstrução desses padrões, estão influencers como a youtuber Rayza Nicácio (26), que ficou famosa há 6 anos por lançar um canal no YouTube (clique aqui para acessar). O canal compartilha suas vivências e contribui para provocar, discutir e reinventar os padrões de beleza, criando uma verdadeira revolução de empoderamento, contravenção e transformação.
A geração de youtubers cacheadas vem implodindo os estereótipos e ocupando espaços. Surgem como inspiração e até refúgio para quem está passando pelo delicado processo de transição capilar. Além do mais, boa parte dessas “girl powers” ajudam a definir a indústria de produtos destinados à cabelos crespos que anteriormente era muito escassa. E o mais importante estão junto à histórias como a da iGirl Power do mês de março, Camila Pergentino, sobre a relação do público feminino com a beleza natural.
“As youtubers foram essenciais para a minha transição. É claro que tem umas que propagam conteúdos falsos ou desnecessários, mas isso, com o tempo aprendemos a identificar. Quando você encontra uma pessoa com os cabelos parecidos com os seus e ela ou ele consegue te mostrar que pode ser bonito com o seu cabelo natural, é maravilhoso”, comemora Camila Pergentino.
Camila Pergentino feliz com os seus cachos (Foto: Giorgia Ossanes)
“Em terra de chapinha quem tem cacho é rainha.”
A frase é clichê, porém, pode ser bastante inspiradora para todas aquelas que usam e abusam dos produtos químicos ou até térmicos no cabelo e resolveram dar um basta na ditadura do cabelo liso.  A transição capilar está em foco na mídia e não se trata apenas de estética, envolve o empoderamento feminino e, antes de mais nada, aceitação e libertação.
A transição capilar não é simples, trata-se de um processo em que os alisamentos são abandonados para que os fios adquiram a textura crespa ou enrolada. Em geral, a química nos cabelos engloba chapinhas, escovas progressivas ou definitivas, relaxamentos, permanentes e selagem. Tudo isso prejudica muito os fios. 
Para Camila Pergentino, o período de transição capilar foi tranquilo graças a Rayza Nicácio. No entanto, no início, apesar de achar a youtuber bonita, não se enxergava daquele jeito. A mudança veio ao completar 18 anos quando decidiu ser ela mesma. “A transição me mudou de dentro para fora. Foi além de qualquer coisa, uma transição da vida, pois eu estava terminando um relacionamento e, logo após isso, entrando para a universidade”, relata.
Camila Pergentino: antes e depois do processo de transição capilar (Foto1: Arquivo Pessoal | Foto2: Débora Letícia)
Apesar de o cabelo cacheado ou crespo estar conquistando cada vez mais adeptas, o preconceito contra quem opta por assumir os fios naturais persiste. A estudante de jornalismo enfatiza que esse preconceito vem da mídia, o quarto poder, em que não se vê a representatividade brasileira em evidência e, se existe, será em posição como a de uma empregada, um exemplo comum, visto em novelas.
Uma das grandes inspirações para a futura comunicadora é a âncora e editora-executiva do Repórter Brasil Tarde, Luciana Barreto, na TV Brasil. “Eu curso jornalismo e isso está diretamente ligado com a minha vida. Minha maior influência é a Luciana Barreto por colocar em evidência temas fundamentais para a sociedade. Além disso, é negra e quebra os padrões da mídia nacional, onde se parece que vendo a TV, estamos em um país europeu”, relata.
As transformações que estão ocorrendo nas vidas das mulheres não são apenas sobre cachos. Pelo contrário, vai muito além de cabelo, é um resgate da autoestima de inúmeras mulheres. O aprendizado logo passa a não ser somente sobre a transição capilar e sim sobre autoconhecimento, então, é visto que o natural é lindo e não há nada de errado nisso.

    Camila Pergentino posando para o editorial de moda da Revista Arrive, vestindo By Débora (Foto: Débora Letícia)
Ao final da entrevista, a celebração de Camila Pergentino é perceptível diante das mudanças que ocorreram em sua vida desde o início do processo de transição capilar. Visto que dia após dia, aconteceu um reencontro bem como redescobrimento de sua verdadeira essência. “Apesar de já receber opiniões desnecessárias de pessoas do próprio jornalismo para alisar o cabelo, me recuso. Sou assim e não passei por toda essa evolução, que é a transição, para me inferiorizar diante de uma oportunidade midiática no ramo que eu atuo. É difícil, mas vou reivindicar sim, para que outras meninas de 13 anos possam me ter como influência neste mundo celetista e preconceituoso”, finaliza.

Mais histórias? Acesse #TôDeCacho (clique aqui).




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