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Drag Queen: a arte livre de gêneros
Izzy Ross prova que a arte drag é mais que uma transformação, é ser artista
Por:
iFox/Micael Machado (micaelaraujomachado@gmail.com)
Em dois mil e dezessete, ao som de Anitta, estreava Izabelle
Ross – Izzy –, persona do Erix Barros Miranda. No ano em que
mais se falou de drag queens no Brasil e no mundo, em que Pablo Vittar, Gloria
Grove e outras drags conquistaram espaço no cenário musical, o destaque não
ficou restrito à música. A notoriedade das drags serviu para derrubar
preconceitos e abrir um amplo espaço para discussão de tabus ultrapassados.
O
estudante de 22 anos, do curso de Letras da Universidade Federal de Pelotas,
UFPel, natural de Herval, pequena cidade situada no Rio Grande
do Sul, é uma verdadeira “queen”, palavra em inglês que traduzida,
significa rainha e é utilizada para nomear o título de nobreza mais importante
de uma sociedade, a monárquica. Coroada na noite pelotense, apresentando sua
performance ao lado de seu amigo, Jackson Paes – Ravenna –,
o hervalense chegou com o seu talento para quebrar tabus e desconstruir
preconceitos impregnados na sociedade.
“Não se descobre drag, se torna uma”, a frase evidencia que toda e
qualquer pessoa pode se tornar drag queen e os desafios são muitos desde a
escolha do nome drag, construir sua persona e ensaiar as performances. Isabelle,
vem da soma de tudo o que é consumido por Erix, de todas as mídias e
plataformas. O nome é hebraico, significa “casta” e “pura” e combina com o
jeito de menina da drag construída pelo hervalense, que logo é empoderada,
dando espaço a poderosa Izzy Ross, sexy, desbocada e militante.
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(Foto: Débora Letícia) |
Ao compor a sua drag, Erix é enfático ao alegar que é a junção
dos dois e acredita que essa soma é o seu meio de libertação. Subir no palco e
arrasar pode trazer inúmeras sensações e apesar de ter performado apenas uma
vez, não deixa de destacar o nervosismo que em um primeiro momento o deixa
bloqueado e sério para em um segundo momento, já no palco, soltar a Izzy e
sentir a sensação de livre.
“Não sabe fazer make e tem uma
peruca? Se joga! Quebra o preconceito e vá ser feliz!”, estar performando há
pouco tempo não impediu o entrevistado de aconselhar quem está iniciando e
mais, revela que diante do preconceito, o melhor a fazer é não desistir, lutar
a cada vez mais para que os direitos sejam validados.
“Ser drag é ser livre e através dessa liberdade, ajudar os outros a se
libertarem das amarras sociais”, afirmou Izzy Ross.
Relacionado à família, ainda é um assunto um pouco delicado e o
entrevistado preferiu não falar muito sobre. Para romper os padrões estipulados
pela sociedade e até no meio drag queen, o estudante afirma que tem que “botar
a cara no sol” em busca de visibilidade e é essencial não ficar somente nas
boates e shows. Lembrando que ser drag automaticamente já abre pautas de
discussão acerca de diversos preconceitos, colocando-os em xeque-mate a partir
de sua performance. “As drag queens são uma expressão de luta e resistência
contra o arcaísmo da mentalidade de muitos e a arte em si tem o poder de
contestar não somente a minha realidade, mas a de todos nós”, concluiu Erix
Barros ou melhor, Izzy Ross.
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