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A cultura Drag Queen sob o olhar de Ravenna
A arte livre de esteriótipos e repleta de empoderamento

Por: iFox/Micael Machado (micaelaraujomachado@gmail.com) 

Com inspirações em seriados como RuPaul’s Drag Race e a drag pelotense, Lorena Drag, o pelotense de 18 anos, Jackson Paes, constrói não somente uma persona – Ravenna – mas, uma marca em torno de si, embasada em três grandes características: arte, empoderamento e militância. Tais aspectos somados, estão sempre reafirmando a sua luta no meio LGBT+ tanto como Jackson como Ravenna

O nome Ravenna foi inspirado na personagem interpretada pela atriz sul-africana, Charlize Theron em “A Branca de Neve e o Caçador”. Por si só, o nome é forte e segundo estudiosos da onomástica, é o nome de um pássaro que significa “inteligente”, “sábia” e, não se limitando à apenas esses adjetivos, carrega mais significados fortes “experiência”, “longevidade” e “sensatez”.

Verdade seja dita, Ravenna prova que ser drag queen é muito mais do que vestir um figurino, acessórios e maquiagens caprichadas. Confrontando estereótipos de gênero com a sua performance afrontosa, chama a atenção do público para iniciar diálogos sobre questões ligadas ao meio LGBT+ como a identidade de gênero e a sexualidade. 

Encorajando todos à viverem sem “máscaras” ou “esconderijos”, a montagem de Jackson além de exercer um papel fundamental na transformação e obviamente, na caracterização do corpo masculino em feminino através de uma “metamorfose”, expressa boa parte das dores de ser LGBT+ no país em que mais mata LGBTs, transformando a arte drag em arte drag de protesto do século 21.
(Foto: Vinicius Vaniel/Arrive e iFox)

A anarquista lituana, Emma Goldman dizia que em uma sociedade mantida pela mentira, qualquer expressão de liberdade, seria vista como loucura, para o artista pelotense, tudo aquilo que sai do padrão estipulado incomoda e por isso, nunca desiste, ousando a cada vez mais. A definição popular de arte drag sobre ser uma expressão de arte obtém outros sentidos além de se expressar e expressar os seus pensamentos e sentimentos. Há muitos reflexos de momentos difíceis passados em sua vida. 

A identidade do artista e da persona fazem uma troca e por mais que o entrevistado diga que tudo o que é como Jackson se reflete na Ravenna, admite que tem muito mais na Ravenna que talvez não tenha conseguido expressar como Jackson “parece ser um escudo, contra tudo e contra todos, que me faz ir muito mais além”.

O processo criativo na configuração das personas para cada performance não é simples, ainda mais pelo fato de desde o ano passado, Ravenna se apresentar ao menos uma vez a cada mês. A música é tida como o principal elemento e de acordo com o pelotense, faz toda a diferença não necessitando ser conhecida ou icônica, mas, passar alguma mensagem para que todas as pessoas sintam toda a composição. O respeito diante de seu trabalho é fundamental, adquirido após muita dedicação e batalhas nas boates e no meio LGBT+ em geral.

Reflexo de Ravenna (Foto: Débora Letícia)
“Se estou dançando, acabo me sentindo maravilhosa e meu pensamento se volta para isso assim, não há insegurança que me derrube”, afirmou o pelotense ao relembrar os momentos antes de qualquer apresentação. O nervosismo é quase que inevitável e na opinião de Jackson é ainda maior quando se trata do local o qual ele performa com mais frequência, a The Way, boate pelotense muito conhecida na cidade que abraça a diversidade e é frequentada por um grande público. Contudo, a tensão dura pouco tempo, a música começa a tocar e qualquer insegurança desaparece em um momento único em que a mente o corpo vibram na mesma frequência. 

Jackson já perdeu muitos contatinhos por causa de Ravenna”, afirmou diante do preconceito que é praticado e posteriormente, sentido em todas as suas nuances. Jackson inclusive disse ter sido preconceituoso no início, mas, por falta de informação, o mesmo que aconteceu com Cátia Paes da Silva, mãe do artista. O entrevistado ao falar de sua mãe, não consegue conter a emoção relembrando que mesmo com um início difícil, ainda mais diante de tantas siglas no meio LGBT+, após muita conversa entendeu o que é necessário: não há siglas capazes de delimitar o amor e a diversidade.

A Sensualidade de Ravenna (Foto: Débora Letícia)

“Ser drag é ser arte”, Ravenna.

Por enquanto a repercussão de seu trabalho tem sido ótima ainda mais para quem está a pouco mais de um ano se montando, o caminho foi aberto por drags mais experientes da cidade como a Lorena Drag, citada anteriormente e também entrevistada. Jackson com a sua Ravenna enfrentaram muitos obstáculos até se consolidarem e desde a abertura do show da Pablo Vittar, em setembro de 2017, foi emendando um trabalho após o outro dentro e fora de Pelotas.

Ao final da entrevista, Ravenna diz: “Ouvir de outras pessoas que o que eu faço motivam elas de alguma forma me enche de alegria” e conclui “sinto como se eu fosse aquela criança que botava uma toalha na cabeça e ficava cantando e dançando, imaginando estar em um show e sendo famosa e hoje, eu sou meu próprio show”.


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