#SeLiga
Por: iFoxRed/Alex Silva (ifoxred@gmail.com)
Um dia: 27
de janeiro de 2013, data em que “Kiss” virou sinônimo de tragédia.
Um incêndio em uma boate (nomeada com o termo inglês) de Santa Maria –
cidade do interior do Rio Grande do Sul – matou 242 pessoas e
deixou mais de 630 feridos, assolando suas respectivas famílias.
Diversos veículos midiáticos noticiaram a fatalidade e fizeram inúmeras
reportagens para transmitir quaisquer informações inéditas.
Em 2018, 5
anos após o ocorrido, pensa-se que tudo já foi dito sobre o caso. Entretanto, a
jornalista Daniela Arbex (clique aqui para saber mais)
surpreende a todos com o livro Todo Dia a Mesma Noite, em que conta
o que aconteceu naquela noite sob uma perspectiva diferente: a dos familiares
das vítimas e dos socorristas que trabalharam no caso.
“A capitã da brigada caminhou
pela Kiss atordoada não só com o que viu, mas com o barulho dos celulares das
vítimas. Os aparelhos tocavam juntos e cada telefone tinha um som diferente.
Muitos tocavam conhecidas músicas sertanejas, outros, forró e até o repertório
tradicional gaúcho. Na maioria dos casos, porém, o visor indicava a mesma
legenda: “mãe”, “mamãe”, “vó”, “casa”, “pai”, “mana”.
Aquela sinfonia da tragédia era tão insuportável quanto a cena que Liliane
presenciava. Como lidar com um evento dessa proporção?”, trecho retirado do
livro de Daniela Arbex.
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Madrugada de 27 de janeiro de 2013, toda Santa Maria correu para ajudar no socorro às vítimas da boate Kiss. (Foto: Germano Roratto/Ag. RBS/Folhapress). Disponível em <https://goo.gl/6L96UE>. |
Com a obra,
a autora leva os seus leitores à extremos. É possível sentir compaixão pelos
parentes, imaginar o terror vivenciado pelas vítimas, criar esperança de ler a
história de algum sobrevivente, ter repulsa pela atitude de políticos que tentaram se promover
com a tragédia, ter piedade com
os familiares que enfrentaram indagações de repórteres que não se importam com
sua dor e, depois de tudo isso, terminar a leitura reconhecendo que o caso não
ainda não foi julgado, nos transmitindo a sensação de descaso com todas as
pessoas afetadas direta e indiretamente pela tragédia.
“O leitor encontrará aqui
inacreditáveis exemplos de vilania e de falta de compaixão, mas também
surpreendentes gestos de grandeza humana capazes de nos reconfortar. Este livro
é uma recusa ao esquecimento. Ao tomá-lo em mãos, você estará participando do
imenso esforço coletivo para fazer da memória um instrumento de conforto e de
respeito à dor alheia”, disse o também jornalista, Marcelo
Canellas, em um trecho do prefácio do livro.
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Capa do livro escrito pela jornalista mineira que também escreveu obras como Holocausto Brasileiro e Cova 312. Disponível em <https://goo.gl/uuo93m>. |
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